04 março 2009

Entrevista - Pregador Luo ao supergospel canal evangelico

Entrevista - Pregador Luo



O Apocalipse 16 é bastante reconhecido, até no meio secular. Esse reconhecimento no meio secular seria maior que o no meio evangélico?

Acredito que desde o começo do grupo em 1995, o reconhecimento em ambos os lados cresceu de forma balanceada. Creio que hoje somos tão conhecidos no meio evangélico quanto somos no secular. E isso realmente é uma grande benção, além de ser fruto de muito trabalho duro.

É complicado divulgar um trabalho independente hoje no país?

Em outros tempos já foi mais, hoje temos milhares de sites e bloggers, a quem agradeço muito por divulgar nossos trabalhos, assim como agradeço as rádios comunitárias que também fazem o mesmo por nós. Tem também um monte de DJ´s que tocam nosso som nas pistas e ainda algumas revistas especializadas que nos acolhem e dão suporte, tanto na mídia secular como na gospel. Em 1988 quando o rap surgiu no Brasil sendo cantado em português, e até a uns 8 anos atrás, não haviam ainda tantas formas alternativas de divulgar um trabalho independente.

Mas ainda falta muita coisa para conseguirmos formar uma rede organizada de divulgação, tanto da parte dos artistas quanto dos veículos de divulgação. Sabe-se que muitas pessoas pedem dinheiro em troca da divulgação em seus devidos veículos de comunicação, por outro lado muitas novas bandas e até bandas já consagradas se negam a pagar o famoso “jabá”.

Quando na verdade ambos os lados deveriam entrar num consenso e se unirem pra continuar em atividade.

Qual a diferença da gravadora 7 Taças de hoje, e da 7 Taças em 98, quando começou?

De 98 pra cá mudou bastante coisa, quando surgirmos, lançamos o álbum “Arrependa-se”, em sociedade com os Racionais MC´s. Devido a alguns desentendimentos acabamos se desligando deles e seguindo sozinhos nessa jornada. Depois de sermos bem sucedidos com esse álbum de estréia, acabei decidindo escrever e produzir um novo álbum o “2ª Vinda – A Cura”.

Depois dele as coisas se engrenaram e vieram outros, “Antigas Idéias Novos Adeptos” também do APC 16 e lancei ainda o Prof. Pablo e o Lito Atalaia. O lançamento mais recente da 7T foi o meu álbum duplo solo, “RevoLuoção”. Hoje estamos voltando as raízes, o selo 7 Taças vai voltar a ser o que foi no começo, lançará somente os álbuns do Apocalipse 16, já que não tivemos um bom retorno com os outros lançamentos, haviam outros projetos também que vou deixar de lado e dedicar-me exclusivamente ao meu disco solo agora e a um futuro álbum do APC.

Sinceramente gostaria muito que esses outros projetos tivessem dado certo, mas como falei acima, ainda é muito difícil introduzir novos talentos no mercado, por mais que realmente sejam talentosos.

O que os fãs (no meio secular ou gospel) do Apocalipse 16 podem esperar do CD "RevoLUOção"? Alguma mudança no seu trabalho solo com o trabalho no Apoc16?

Quando escrevo uma musica e lanço um novo cd, não penso de forma diferente nos dois tipos de publico que temos, acho que ambos carecem ouvir a mesma coisa, o mesmo discurso que é pra um serve pro outro.

Na verdade continuo tendo a mesma ideologia e a mesma fé. Porém venho amadurecendo e tornando-me mais experiente em todas as áreas de minha vida. Houve uma grande evoLUOção no meu trabalho solo, musicalmente falando e também espiritualmente. A forma como elaborei cada canção os temas escolhidos, a forma de rimar, a métrica, a parte gráfica e uma serie de outras coisas que um fã mais atendo irá perceber com certeza. Tenho alguns planos para o disco mais ainda tenho que trabalhar bastante pra faze-los acontecer. Vamos fazer um lançamento em breve e começo daqui a duas semanas a filmar dois vídeo-clips do cd 1 “Arquitetura da RevoLuoção” . Serão filmados os clips das musicas: La Onda “Latino Americanos” e também Frenesi com as participações do Rodolfo e do Mc King

Sabemos que vc é o líder do APC 16, e quando se lança um cd é necessário trabalha-lo, e o APC 16 como vai ficar enquanto o Luo trabalha cd solo dele?

Acabei lançando esse cd solo um pouco prematuramente. Queria que fosse lançado no mínimo um ano e meio mais tarde. Porem, devido algumas decisões internas no Apc acabei lançando ele agora. O Apocalipse 16 não fará shows durante 2004 e talvez durante um período de 2005, exatamente por que estarei fazendo a divulgação desse cd. Mas os outros dois componentes do Apc 16 também estão dando seqüência em suas carreiras. O Charles está começando a produzir seu disco solo e o DJ Betico também esta trabalhando em seus projetos, acredito que teremos anda pelo menos mais um disco ou dois juntos, depois não sei direito o que será do Apocalipse 16 como grupo.

Você já foi discriminado dentro do meio evangélico, pelo sucesso no meio secular?

Já fui discriminado por vários motivos no meio evangélico ... rs, mas não por fazer sucesso fora dele, aí seria mais um caso de inveja mesmo de outros caras que também se dizem evangélicos, mas que não entenderam que nossas vitórias podem ser as deles também. Sei que isso serviu até de estímulo pra outros enxergarem que não precisamos ser alienados ou fundamentalistas. Simplesmente é necessário sinceridade e transparência, qualquer um que tem bom senso gosta e admira essas qualidades em seu próximo. Acho que foi esse um dos diferenciais que nos fez ultrapassar barreiras.

E no secular você foi discriminado por ser evangélico? Este preconceito vc sente mais por meio da mídia ou do público?

Qualquer um que sabe impor seu ponto de vista com sabedoria acaba sendo respeitado. E o preconceito não precisa ser aceito, entende o que quero dizer? Pra que o preconceito te atinja de alguma forma você precisa aceita-lo, precisa se encaixar naquela situação que estão querendo lhe impor. E isso é uma coisa que não fiz, não aceitei que zombassem do Meu Jesus, nem da missão que ele me deu. Não aceitei ser tratado diferente pelos homens e nem ser visto menor que nenhum outro pastor ou rapper, pois meu Jesus morreu pra que todos fossemos iguais perante o Pai, sejam os latinos, asiáticos, brancos, pretos, e qualquer outro tipo de classe a qual o homem insistiu em rotular. Quando olho para alguém não o enxergo como homem ou mulher, ou como branco ou preto nem como crente ou macumbeiro. Olho pra cada pessoa e vejo uma criatura de Deus. E é assim que exijo ser visto. Por isso o fato de pensarem algo ao meu respeito não me torna necessariamente aquilo que as pessoas acreditam que eu seja, como também não tenho controle sob as emoções alheias. Tanto a mídia como o publico podem ter reações contrarias as que espero deles. E nem sempre espero o melhor do meu próximo...Infelizmente!

Nos conte uma situação onde ser um evangélico foi complicado para você (num show secular).

Prefiro contar uma na qual ser um evangelico foi bom pra mim:

Fomos tocar num sábado em São Bernardo do Campo, SP. Era a época que o PCC estava infernizado a capital. Fomos parados por um comando policial, quando viram que nós éramos rappers ficaram até mais duros do que estavam quando nos pararam. Começaram a levantar nome de cada um e ia demorar uma eternidade pra sermos liberados, íamos até perder o show se demorássemos o tempo necessário pra fazerem toda a averiguação. Foi quando o policial encarregado da blitz veio até nós e perguntou o nome do grupo, quando respondi “Apocalipse 16”, ele nos deu a “paz do Senhor irmão”, mandou todo mundo entrar pra van e seguir em frente. O policial era evangélico também e nos reconheceu...Gloria a Deus...rs.

Tem tanta coisa que se eu falar, a gente podia ficar escrevendo aqui varias paginas, mas acho que ser evangélico mais ajuda do que atrapalha minha vida hoje...Gloria a Deus!!!

Você acha que os evangélicos hoje são preconceituosos com relação ao RAP ou HIP-HOP?

São, mas o Apocalipse 16 está mudando isso, juntamente com outros grupos como: Lito, Pablo, Gênesis, FLG, Alpiste, Raiz Coral, Sexto Selo, Manuscritos, Poetas de Cristo e tantos outros. Com o tempo essa barreira vai sumir quase que totalmente, é questão de tempo e de gente sincera trabalhando pra isso acontecer logo.

Você ouve música secular?

Ouço, até bastante, mas tenho sido mais criterioso quanto ao que escutar, o rap ainda escuto algumas coisas, estou ouvindo mais mpb mesmo, comprei discos do Ivan Lins, Preta Gil, e uns outros ontem, compro discos quase toda semana, assim como escuto bastante musica evangélica, mas na musica evangélica gosto de coisas antigas, hinos da harpa e de cantores da velha guarda, hoje a coisa no gospel ta meio esquisita sabe, crente querendo ser estrela e por aí vai...mas na musica secular gosto de coisas mais calmas e que não falem sobre temas chulos.

Na sua opinião, é mais fácil tocar num show ao lado de bandas evangélicas, ou de bandas seculares.

No meio evangélico com certeza, o respeito é muito maior o objetivo na música é o mesmo e ainda por cima não tem ninguém fumando maconha nem cigarro, não tem bêbado do meu lado o assedio é bem menor e o ambiente é leve. Mas sei que minha missão é estar também no meio do povo que não crê ainda, sei que tenho que estar ali no mundão pregando o evangelho pros ladrões, pros viciados e pra toda criatura. Queria mesmo é que os manos fossem ouvir a palavra nas festas evangélicas, mas se tenho que ir no meio da babilônia eu vou sem problemas, desde que Jesus e o Espírito Santo estiverem comigo não tenho medo nem escolho lugar.

Entrevista publicada em Maio de 2004

Um comentário:

  1. A-do-ro. Sim plismente acompanho e acompanhei boa parte do trabalho deles e e o maximoo. Que DEUS vos abençoe e vos de forças para cntinuarem(sei quase 20 musicas vossas de cor)kkk's

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